O chimarrão, em uma explicação bem simples, é uma bebida típica (mas não exclusiva) da cultura do Rio Grande do Sul. É servido em uma cuia, com erva-mate moída e uma bomba, além de água quente.

The chimarrão, in a pretty simple explanation, is a typical drink (but not exclusively) of the culture of Rio Grande do Sul served in a gourd/bowl called cuia with chopped mate herb and pipe called bomba, besides hot water.



quinta-feira, 23 de outubro de 2014

...na Ruta 40 e em San Matin de Los Andes

Uma maneira diferente de viajar, que têm seu próprio charme, é fazer trechos usualmente aéreos por via terrestre. Foi assim a última viagem. Saindo do Rio Grande do Sul destino à San Martin de Los Andes, ao norte da região Patagônica na Argentina.

O Caminho
Não vou me ater muito ao caminho escolhido, mas há algumas questões que devem ser levadas em consideração na sua escolha, afinal, são aproximadamente 2.750km, de ida - ainda tem a volta e as voltas por lá...).

Combustível: Para fazer um caminho tão longo, lembre-se primeiro de ter um transporte confortável. Além disso, o tanque de gasolina não pode ser pequeno (médio já está bom) e o consumo de combustível não pode ser demais, ou seja, escolha um veículo que faça boa média de consumo na estrada. Isto é importante porque tanto na travessia do Uruguai, quanto nas Rutas Argentinas, as estradas são extremamente longas e retas, em torno de 250km/300km até a próxima região urbana e os postos de gasolina normalmente estão localizados somente próximo a estes centros. Então por dois motivos, não haverá gasolina e as estradas proporcionam rodas em velocidade acelerada (motor em alto giro – leia-se, consumo). Ainda sobre o combustível, vale ressaltar que a gasolina na Argentina é bem mais barata que no Uruguai, então melhor abastecer no Brasil, cruzar o Uruguai e só abastecer de novo na Argentina.

Motoristas: É importante ter pelo menos 2 motoristas pois as estradas são, na sua maioria, longas retas e isso pode dar sono e ser bem perigoso.

Policiamento: Existe policiamento normal, com radares móveis, postos policiais a cada região urbana, vigilância sanitária em cada troca de Estado, até aí tudo bem, porém existe uma polícia em especial, a Policia Caminera. Esta polícia trabalha no Estado de Entre-Rios (olhando o mapa logo entende-se o motivo do nome). Neste trecho, obrigatoriamente ande na velocidade permitida, não ultrapasse, mesmo que numa grande Ruta exista trechos de limite a 40km/h, respeite, pois eles estarão sempre logo atrás das placas com radares para poder parar os infratores. Digamos que esta polícia não é muito amigável e ao ver forasteiros, sabem que existem dólares nas carteiras... (;-/).

Itens obrigatórios: Além de respeitar o limite de velocidade (pelo menos em Entre-Rios), é obrigatório ter no carro os seguintes itens: 2 triângulos de sinalização (balizas), 1 cambão para reboque, 1 extintor (mata-fuego), 1 lençol (mortalha) de preferência de cor única, todo preto ou todo branco, 1 kit primeiros-socorros e correntes (cadenas) para o caso de trafegar em estradas com probabilidade de neve. Além dos documentos, do motorista, do carro e a carta-verde (permissão para o carro trafegar no exterior).

É muito interessante observar as mudanças na paisagem. Passamos por barragens, lagos de degelo, desertos, reservas florestais, montanhas de neve, vulcão, de tudo um pouco e o legal de estar via terrestre, é que fomos parando nos pontos que achávamos mais lindos para tirar fotos. Claro que essas paradas foram feitas só na ida – que fizemos em 4 dias. Enquanto que na volta, feita em 2 dias, as únicas paradas foram para abastecer e dormir, nada mais.
Em San Martin:
A cidade é um charme, pequeníssima, digamos que apenas 2 ruas. Entre outras razões, seu charme se deve à uma lei municipal que exige que todas as construções tenham um percentual de materiais locais em suas obras – normalmente madeira entalhada, o que deixa tudo meio parecido, harmonioso e cria uma clima montanhês super aconchegante.

Restaurantes:
Nós ficamos hospedados numa cabana, com cozinha e tudo, mas não vale a pena cozinhar para almoço e janta. As refeições são relativamente baratas e muito deliciosas. Apenas o café da manhã deixamos para fazer em casa, para isso passamos no supermercado e tudo resolvido. Ainda assim, no próprio Resort estava localizado um dos melhores restaurante da Região, o Wine Bar: Preços ótimos, porções generosas, adega excelente e ambiente muito legal! Entre os restaurantes que fomos:


Dona Quela: especializado em massas. Foi o primeiro. Nos surpreendeu. Porções em bom tamanho e deliciosas. Pecou apenas na carta de vinhos. Pedimos 2 tipos de espumante que estava na carta e não tinham, um tinto e não tinham, mas ainda assim a carta era extensa e encontramos outras possibilidades.




Confeitaria Deli: É famosa, grande, à beira do lago Lácar, mas a expectativa foi maior que a realidade. Imaginei uma confeitaria com todas delicias expostas para escolher a mais linda e deliciosa, mas não, é tudo por cardápio e não tem todas as fotos. Por exemplo, o tamanho da porção de Waffle era enorme enquanto que a de crepe era bem menor, mas isto não fica claro no cardápio. Na verdade não dá nem pra saber direito o que tudo é servido junto. Digamos que estava muito bom, tudo o que escolhemos foi delicioso, mas não surpreendeu pela fama que já tem.

Ku: Famoso também, ainda mais pelo seu nome bizarro. É claro que queríamos ir, pelo menos para poder fazer piadinhas uns com os outros, mas já no primeiro dia que queríamos ir, estava fechado. Conseguimos encontrá-lo aberto em outro dia, fomos para almoço. Eles tem uma boa carta de cervejas artesanais e bons vinhos. Diferente dos outros restaurantes, só faz o famoso ciervo assado (aqueles espetados inteiros) se tiver sido encomendado, eles falam isso com orgulho dizendo que só servem fresco, feito no dia. Porém, essa de servir tão fresco não foi verdade. Pedimos pratos à base de Trucha e arrisco dizer que não era fresca comparando com outras que também degustamos. Ainda assim, as porções são de bom tamanho, mas não dá pra 2. As massas servidas foi o que mais chamou atenção, saborosas e bastante quantidade, isto sim, daria pra 2 pessoas certo.

El Regional: este sem dúvidas foi o melhor restaurante que fomos. Mas antes que eu continue, saiba que é importante fazer reserva.  Já na chegada a recepção foi ótima. O atendimento muito ágil, cativante e super agradável, parecia que estavam todos só nos controlando quando iríamos pensar em pedir qualquer coisa e já aparecia tudo pronto. Enfim, as entradas são super bem servidas. Os pratos principais, se tiveram entrada, tranquilamente um serve duas pessoas. O especial do chef surpreendeu e ainda fizeram pedido especial sem alguns ingredientes que tenho restrições, na verdade deu para perceber que eles fazem de tudo para agradar o cliente, se viram, se adaptam e servem sempre bem. A carta de vinhos é excelente e além disso conta também com uma vasta carta de cervejas artesanais. Este é super recomendado.

Torino: É o restaurante que vira balada, mas tem que saber o dia certo... Quando estávamos lá era na quarta-feira e acabamos indo na terça-feira. Em dias que não vira balada, é um bom restaurante, mas normal. O diferencial dele é mesmo nos dias de festa, que eles chamam de After Ski e é onde se reúne a galera jovem. Como não tem outros bares badalados, porque teoricamente o pessoal acorda cedo para subir ao cerro, este é o único que proporciona tal divertimento. A dica é, se forem jantar lá no dia da balada, façam reserva. Para mulheres, lá não se usa salto, e se tiver alguma mulher de salto alto, pode apostar, é Brasileira. Vamos aos detalhes: as entradas são boas, não tanto quanto no El Regional, mas ficam em 2° lugar, assim como as porções dos pratos. As ofertas das cartas de vinho e cerveja são parelhas, variedades ótimas e serviço muito bom.

Tio Paco: Foi o mais comum dos restaurantes que fomos. A porção é para somente 1 pessoa mesmo. Não achei nada surpreendente. Estava bom, mas nada daquele extra que deixa o cliente encantado. O que tem de diferente neste restaurante é que no mezanino dele têm mesas de sinuca e um ambiente legal para um bom e animado Happy Hour.


O que comer (por ser típico):

Trucha
Hungos
Ciervo
Javali
Berries


Ainda no centro da cidade de San Martin de los Andes, vale a visita à:


El regional: É uma delicatessen super charmosa, feita especialmente para turistas. É numa esquina, relativamente pequena, mas é onde certamente vais achar presentinhos e souvenirs clássicos da região, que são cervejas artesanais – são muuuuuitos os tipos disponíveis, a vontade é levar todas, os mais diversos chás com especiarias, assim como geléias, temperos, licores, tudo com os sabores locais. Vale a pena!

Havana café: Sim, Havana se encontra em toda Argentina, mas o fato de ser aqui indicada a visita ao ponto é que realmente os alfajores Havana são uma delícia. Além disso, o café Havana tem seu potencial, fica bem localizado e também os chocolates são uma alternativa de lembrança sem erro aos que não puderam acompanhar a viagem. Ainda favorável, tem wi-fi de ótima qualidade. Digamos que é um bom ponto de encontro/descanso para as caminhadas no centro.

Lojas: a massante maioria das lojas é ou de roupas de esportes na neve ou de “souvequinquilharias”. A não ser que você seja um praticante assíduo dos esportes, não vale a pena comprar estas roupas. Algumas lojas até têm promoções, mas ainda assim é bom pesquisar se o preço está valendo mesmo ou se é só marketing, porque no geral, o preço não é o grande atrativo das compras, eu achei preços melhores nos free shops.

Sobre os souvenirs, são os clássicos, artesanatos, copinhos, canecas, e o nosso querido chimarrão em sua versão hermana, o mate. Para o mate tem todos acessórios, e o que achei muito bacana foi as latinhas de guardar erva, achei um charme, além de bonitas, valem de lembrança da viagem e são práticas para servir – tem uma biqueira, e proporciona que a erva fique acondicionada em ambiente livre de luz, o que mantêm a qualidade da erva por mais tempo.














À passeio mesmo, as ruas são arborizadas e largas, calçadas bem ambientadas e tudo de acordo com a localidade.


Utilidade:
Casa de Cambio: A casa de cambio é na verdade uma lojinha de quinquilharias, muito diferente do que costuma se ver como uma casa de cambio oficial. Não tem nada de salas fechadas, não pede documento, a conversão é feita ali no balcão mesmo, não ganha recibo nem nada. É fácil até demais. Digamos assim, não vi nem sombra de qualquer perigo ou violência por lá, mas é sempre bom ter cuidado. Só tinha uma casa de câmbio, fica numa rua transversal, entre as duas principais ruas da cidade, na entradinha de uma galeria. Todos sabem onde fica e sempre vai ter movimentação de turistas por lá. O endereço é Cap. Drury, 876.

Telefonando: É importante lembrar de habilitar seu celular para chamadas internacionais se assim o desejar, pois se não for liberado na operadora, não será possível usar o telefone por lá. É caro, tente evitar, mas se for preciso, para fazer ligações na Argentina com seu celular Brasileiro, deve discar 00 XX(código da operadora no Brasil, pode ser 21, 41, 15, qualquer operadora) PP (código do país, no caso da Argentina é 54, se for ligar para o Brasil, é 55) 9 (código de celular na argentina – obrigatório) CC (código da cidade na Argentina. Ex: San Martin é 2972) e o numero do telefone. Fica assim: 00 21 54 9 (código da cidade) + (telefone).

O Cerro Chapelco:
Roupas e equipamentos: O aluguel de equipamento para quem vai ao cerro praticar esportes é imprescindível, mas é possível subir só até a base para passear, não necessariamente precisa esquiar. Quanto às roupas, é importante que sejam impermeáveis, não necessariamente precisa ser roupa especial para neve, mas é sempre bom ter luva. Se tiver sol será calor embaixo de muita roupa, se tiver nevando (ou cair no chão) vai molhar, daí é legal usar touca também e se tiver ventando, daí mais acessórios podem se tornar necessários, como um tapa orelha, um buff (aqueles lencinhos charmosos) e, conforme for a temperatura, até uma roupa térmica (segunda pele) pode ser útil.


Onde alugar roupas e equipamentos: Em se tratando de onde alugar, vale a pena pesquisar um pouco. Certamente o aluguel lá no Cerro é mais caro. Na cidade, as lojas na avenida principal também costumam cobrar um pouco mais, além disso, tem que avaliar o tempo que vais levar escolhendo as peças, se tem muito movimento na loja, este aluguel pode levar mais de hora, pois é todo mundo provando, testando, trocando... se for uma época do ano de muita procura, sugiro alugar no dia anterior para já poder subir cedo ao Cerro, porém o aluguel é por dia e normalmente isso já será considerado 1 dia, tem que negociar...
        
Alugamos nosso equipamento na Avalanche, fica numa rua transversal, próximo do Supermercado, é uma lojinha relativamente pequena, mas o preço estava muito bom, o equipamento estava adequado e ainda por cima eles tinham à disposição o serviço de guardamería, que é um local pra deixar o equipamento lá no Cerro, sem precisar carregar todo dia, realmente foi uma mão-na-roda.

Quanto ao tipo de equipamento, tem várias classificação de qualidade, se tiveres condições, opte sempre pelo premium, o preço é pouca coisa a mais e o conforto de passar o dia todo usando, compensa.

A Estação: a estação de esqui Cerro Chapelco (http://www.chapelco.com.ar/), com 1.980m de altitude, fica à 20km do centro da cidade, é possível subir de carro, mas se tiver neve na estrada, o uso de correntes é obrigatório, ou tem também os transfers que levam o pessoal até lá em cima. Abre pela manhã às 9h e encerra as atividades às 18h (a “telecabina” encerras às 17:30h). Pra quem não está acostumado a praticar o esporte, seja esqui ou snowboard, com certeza o dia inteiro será cansativo, mas vale à pena aproveitar todo o período. Chegando cedo pela manhã a neve ainda esta toda ajeitada, tudo no lugar, fofinha, tem menos pessoas e não é tão quente (quando tem sol... se não é super frio). Depois começam a chegar mais e mais pessoas, nada que atrapalhe, mas dá pra notar nitidamente que quem conhece e pratica chega super cedo e depois vem os turistas amadores... Não que seja um problema, mas é evidente.

É possível comprar acesso de 1 dia, 3 dias, semana... várias opções, já digo que não vale a pena ir só um dia, vá pelo menos 3 dias. Se já sabes andar (de esqui ou snowboard) vais querer aproveitar todas as pistas e cenário incrível (é uma das poucas estações da região que tem suas pistas em meio às arvores, simplesmente encantador!), se não sabes andar, além de curtir o cenário, é importante ir os 3 dias pra praticar, acredite, eu nunca nem tinha visto neve na vida, no primeiro dia foi uma luta pra aprender a colocar o equipamento, o que fazer, onde subir, como descer do teleférico, tudo novidade, mas no terceiro dia eu já estava descendo em todas as pistas. (Faço outro post sobre as pistas e o esporte num outro momento...)
        
Bariloche
Lá na estação tem toda infraestrutura necessária, tem restaurante, loja, escolinha para crianças e para adultos. Além disso, todas as pessoas são incrivelmente prestativas e atentas a tudo, fiquei impressionada com a cordialidade e receptividade de todos, muito legal mesmo!

Villa Traful
Enfim, San Martin de los Andes gira em torno do Cerro Chapelco, mas caso queira fazer passeios alternativos, tem o caminho do Sete Lagos que chega à Bariloche, é relativamente perto, 260km, e é um passeio maravilhoso (foto aqui do lado). Resumidamente falando, fomos em um dia até lá, saímos cedo de San Martin, passamos pela Villa Traful, almoçamos em Villa La Angostura e seguimos à Barilhoche.

Restaurante em Villa La Angostura