O chimarrão, em uma explicação bem simples, é uma bebida típica (mas não exclusiva) da cultura do Rio Grande do Sul. É servido em uma cuia, com erva-mate moída e uma bomba, além de água quente.

The chimarrão, in a pretty simple explanation, is a typical drink (but not exclusively) of the culture of Rio Grande do Sul served in a gourd/bowl called cuia with chopped mate herb and pipe called bomba, besides hot water.



terça-feira, 12 de agosto de 2014

... em Florença

Chegamos em Florença depois de uma linda viagem de trêm que teve sua origem em Milão.

Em Florença nós andamos de ônibus ou a pé. Para comprar as passagens de ônibus, a dica é comprar nas bancas de revistas ou tabacarias, por ser mais barato do que comprar direto com o motorista, além de não correr o risco do motorista não ter passagens a venda – o que aconteceu conosco uma vez.
Começamos a explorar a cidade com a guia Cristiane de Oliveira (http://www.guiaflorenca.net e http://www.noticiasdabota.com/), uma carioca que mora e Florença. Tivemos ótimas horas com ela e desde já indicamos para quem for conhecer essa cidade maravilhosa e sua história. Muitas das informações que relatamos nesse post nos foram trazidas por ela.

Na Piazza de Duomo é possível conhecer a Basílica di Santa Maria del Fiore, conhecida como Duomo de Firenze, o Campanário de Giotto, o Batistério de São João e o Museo dell'Opera del Duomo.

O Batistério de São João, que fica em frente a Catedral di Santa Maria
del Fiore, é um lugar mágico. O teto em mosaico é uma das obras de arte mais lindas que já vimos, onde estão retratadas diversas histórias. No batistério se encontra o túmulo de Baldassare Coscia, o Antipapa João XXIII, o qual foi projetado por Donatello e seu aprendiz Michelozzo Michelozzi. Ao falar do Batistério, impossível deixar de mencionar as suas portas. São três portas enormes, sendo uma para a entrada dos padres, outra para a entrada das pessoas e a terceira, que fica de frente para a entrada da Basílica é a conhecida como “Porta do Paraíso” que serve para a saída dos fiéis – já batizados – para entrar na Basílica. A porta original está no Museo dell'Opera del Duomo.




Depois da visita no batistério, seguimos para a Basílica di Santa Maria del Fiore. O que mais impressiona é a imagem da cúpula, obra do arquiteto renascentista Filippo Brunelleschi e afrescada por Giorgio Vasari e Federico Zuccarir representando o Juízo Final. Acima da porta de entrada central há um relógio com a “hora itálica”, que traz a divisão do tempo em vinte e quatro horas tendo o início do dia com o pôr-do-sol.

A cúpula foi projetada por Brunelleschi, todavia o projeto foi mantido em segredo. O que se sabe é que são duas cúpulas, que foram construídas simultaneamente, uma por dentro da outra. Também se sabe que os tijolos estão colocados como uma espinha de peixe. A cúpula está rachada em função de um terremoto ocorrido em 1949.


É possível subir na cúpula do Duomo. A entrada para a cúpula fica do lado esquerdo para quem está na frente do Duomo. Vale a pena a subida, mas é necessário dizer que não é uma subida fácil. São 463 degraus, os quais são irregulares, partes sem corrimão e num espaço muito pequeno. Além disso, é um lugar escuro e sem ventilação. Portanto, além da vontade é necessária uma condição física boa para encarar a subida, que é feita boa parte entre as duas cúpulas. Pelas entradas de ar e luz é possível ter noção de que lado que a gente está por dentro da cúpula. Fica a dica para levar uma água para a subida!


Ao chegar no topo de Florença a recompensa! A vista da cidade!  É uma cidade muito bonita! Circulando pela cúpula foi possível ver a cidade de todos os ângulos!



Junto com isso, chega o nosso grande momento: chimarrão em Florença na cúpula da Duomo! Claro que em função do chimarrão, fomos identificadas por outros brasileiros que por lá também estavam!


Depois de recuperadas, encaramos a descida que, é claro, é menos cansativa que a subida, mas é um caminho com as mesmas dificuldades da subida.


Depois da missão cumprida, vale um gelatto! Aliás, sempre vale um gelatto! A gente não consegue provar todos os sabores! Para quem tem intolerância a lactose, existem diversas opções, só perguntar, todos estavam bem orientados quanto a isso.

Ainda visitamos uma pequena parte do Museo dell'Opera del Duomo, pois estava com acesso restrito em razão de estar em reforma. Mesmo assim conseguimos ver a Porta do Paraíso original e uma Pietà de Michelangelo.

Há diversas modalidades de ingresso para o acesso no Batistério, Campanário, Cúpula, inclusive o que vale para várias atrações durante 24 horas. Nesse caso, interessante observar os horários de pico das atrações, para tentar evita-los, para não perder muito tempo nas filas. É interessante, por exemplo, entrar no Batistério bem cedo, que é relativamente rápido de se visitar, depois ir à Catedral e deixar para subir na Cúpula ou no Campanário pela hora do almoço (lá é por volta das 14 horas).

A Piazza della Signoria é praticamente um centro político da cidade, pois é a praça do Palazzo Vecchio e da Loggia dei Lanzi.

Uma dica é que na lateral do Palazzo Vecchio, perto da fonte de Netuno, há duas torneiras de água, uma com gás e outra natural, para as pessoas encher suas garrafinhas. Essa foi uma medida tomada pela Prefeitura da cidade, pois não sabia mais o que fazer com tanto lixo de garrafa pet.
A Fonte de Netuno é a única fonte de Florença e foi feita para celebrar a conquista de Livorno e o acesso ao mar. Ela tem o rosto do grão duque Cosimo I. Os fiorentinos no geral não gostam dessa estátua e a chamam de “Biancone” (brancão).
Na Piazza della Signoria, no lado esquerdo da entrada do Palazzo Vecchio, está a estátua de Davi, de Michelangelo. Essa estátua é uma réplica da original que está na Academia. Ele está de costas para o palácio, representando a vitória do pequeno Davi contra o gigante Golias, ou seja, a República versus os Médicis. Também alí encontramos a estátua de Hércules e Caco, representando a vitória de Hercules sobre a maldade de Caco, este que está de costas para a Loggia, onde estão as estátuas que representam os Médicis.

Importante dizer que a família Médici tem um importante papel na história da cidade.

A Loggia dei Lanzi é onde estão expostas diversas estátuas. Ao fundo estão estátuas romanas originais. A primeira estátua (mais perto do Palazzo Vecchio) da frente é Perseus com a cabeça de Medusa. Já a última estátua da fila da frente representa o Rapto das Sabinas.

O Palazzo Vecchio é muito interessante e há vários salões e quartos que podem ser visitados. Há lugares onde não é permitido o acesso, pois o palácio ainda é usado como Prefeitura de Florença.

O Salão dos Quinhentos foi um dos lugares que mais nos chamaram atenção. É um salão com obras de Vasari e com capacidade para quinhentas pessoas, assim, os mil e quinhentos “conselheiros” do governo se reuniam em três sessões para deliberar. Bem no alto há uma janelinha com uma grade, que era onde a duquesa ficava espiando o duque na reunião. Nesse salão seriam expostos dois grandes afrescos, um de DaVinci e outro de Michelangelo. Ocorre que DaVinci não gostava da técnica de afresco, pois precisava fazer a obra muito rápida e então tentou uma técnica diferente, com cera. Mas a técnica não deu certo e o resultado foi desastroso, vindo a sua obra “A Batalha de Anghiari” a ser danificada.

Pertinente aqui mencionar que afresco é uma técnica de pintura que é executada sobre uma espécie de gesso ou massa ainda úmida em que são aplicados os pigmentos. Quando essa massa seca o pigmento passa a integrar a superfície. E essa a razão de não ser possível um trabalho muito demorado, não sendo técnica preferida de DaVinci.

No local que estava a obra de DaVinci existe um mural de Giorgio Vasari. É admitida a hipótese de que a obra de DaVinci tenha sido escondida pela de Vasari, mas não destruída, pois na obra de Vasari está escrito em italiano na parte superior central "Cerca Trova", que pode ser traduzida como “busque e encontre”. Investigadores e cientistas buscam encontrar a obra de DaVinci através de sondas introduzidas em fissuras existentes no mural de Vasari, sendo que conseguiram achar um material que pode ter sido o usado por Leonardo. Michelangelo nunca fez o seu mural.

Outro local interessantíssimo é a Sala dos Mapas Geográficos ou Guarda-roupa, que é uma sala com armários e as cinquenta e três portas dos armários estão decoradas com pinturas a óleo de mapas de interesse da época. No centro da sala há um enorme globo terrestre.

É nessa sala que encontra-se o quadro da Armênia, tão divulgado pela obra “Inferno” de Dan Brown, pois ele dá acesso a uma passagem secreta com saída na rua lateral do Palazzo.

Também a famosa máscara de Dante se encontra exposta nesse palácio. É preciso dizer que ela não impressiona. Pela narrativa do livro “Inferno” a expectativa era outra.

Para quem passar por Florença, não pode deixar de visitar a Galleria deglia Uffizi. Nós tínhamos comprado os ingressos antecipados e para o primeiro horário disponível. Foi muito bom, pois retiramos nossos ingressos e entramos imediatamente. As salas estavam com movimento tranquilo, mas percebemos que aos poucos os grupos iam chegando e enchendo as salas. É importante reservar um bom tempo para essa visita, pois o espaço é enorme e mesmo passando por tudo, sem muita leitura e curiosidade, são necessárias pelo menos duas horas.

A família Médici para evidenciar seu mando na cidade de Florença quando retomou o poder, decidiu se instalar no palácio que era sede do governo da cidade, deixando explícito que o governo e a família Médici eram a mesma coisa e, por esta razão, necessária a construção dos escritórios – Galleria deglia Uffizi. Neste momento também foi feita uma reforma no Palazzo, a qual pode ser percebida nas paredes mais antigas e mais recentes, sendo possível identificar onde foram feitos “puxadinhos” para a transformação em moradia.

A Galleria está localizada entre o Palazzo Vecchio e o Rio Arno. Foi construída pelo arquiteto Giorgio Vasari, a mando do Duque Cosimo I, com a finalidade de abrigar os escritórios da administração da cidade.

Atualmente, a Galleria abriga a mais importante coleção renascentista do mundo! São centenas de obras expostas! Dentre as clássicas que pudemos admirar bem na nossa frente estavam “Primavera” e "O Nascimento da Vênus", de Botticelli, e a "A Sagrada Família", de Michelangelo.

Para quem ainda não se deu por satisfeito com tanta obra de arte e ainda tiver perna, cruze a belíssima Ponte Vecchia e faça uma visita na Galeria Palatina e nos aposentos reais no Palazzo Pitti para saciar a vontade! São obras de arte de Rafael, Caravaggio, Rubens e muitos outros mestres, com molduras suntuosas que cobrem as paredes por inteiro das muitas salas.

Já os aposentos reais são decorados com móveis e obras de arte dos anos 1500 a 1800 e foram usados por reis da Itália quando Florença era a capital do país.

O Palazzo Pitti foi agregado ao Palazzo Vecchio. O Pitti já existia e a duquesa Eleonora de Toledo pediu que o mesmo fosse comprado, pois desejava que seus filhos, então ainda crianças, tivessem pátio para brincar. No Palazzo Vechio havia apenas uma espécie de varanda e não jardins, assim a compra do Pitti teve foco nos seus jardins (Bóboli) e não especificamente no Palazzo. Para ligar o Palazzo Vecchio e o Palazzo Pitti foi construído um corredor, chamado de vasariano (por ter sido executado por Vasari) que vai do Palazzo Vecchio, passando na Galleria deglia Uffizi, pela a Ponte Vechia, por dentro de algumas casas, chegando até o Palazzo Pitti.

Junto ao Pallazo Pitti ficam os Jardins Bóboli. Infelizmente não conseguimos fazer a visita aos jardins, por falta de tempo, mas observamos de longe. Com certeza também é um lugar a ser explorado e propício pra um chimarrão.

Florença é uma cidade pequena, porém, como podemos ver, com tanta coisa interessante para ver que é impossível explorar todas elas.

Para garantir o retorno para a cidade, é importantíssima uma passagem na Piazza de la Republica, nesta praça durante o dia (e isto significa desde muito cedo pela manhã até o entardecer) fica cheio de vendedores com suas lojas portáteis, uns carrinhos, tipo camelô, que vendem basicamente artigos de couro. Em um dos lados desta Piazza que está o Porcellino, Encontre ele e passe a mão no focinho do porco. Ouvimos diversas crenças, uma que dá sorte, outra que quem passar a mão no focinho do porco ainda vai retornar à Florença, entre outras, como uma que a guia Cristiane nos ensina em http://www.noticiasdabota.com/2008/10/firenze-fontana-del-porcellino.html é que “Existe uma lenda que diz que devemos colocar uma moeda na boca do Porcellino e que devemos faze-la escorregar ate o grade que se encontra abaixo, proximo dos pes. Diz a tradiçao, que se a moeda cair na grade, o futuro lhe reservara grande fortuna e sorte. Por esse motivo, todos os dias, o Porcellino è rodeado de gente querendo toca-lo.

Enfim, passamos dois dias maravilhosos em Florença, mas recomendamos pelo menos três dias e muito fôlego nessa cidade, o que significa que teremos que retornar!

Gostaríamos de aproveitar e agradecer a tarde que passamos com a guia Cristiane Oliveira que nos trouxe muitas informações e muita disposição explorando a cidade dos fiorentinos!